Devoções na Cultura Junina
Categoria: Cultura Cristã

Chegou o mês de junho, tão aguardado por muita gente aqui no Brasil, principalmente na região do Vale do Paraíba e no Nordeste. Junho, para muitos, é sinônimo de festa junina, regada a muita comida tradicional.

O que muitas pessoas não consideram ao ir a uma festa junina é que mais do que celebrar a cultura caipira e a culinária local, no caso desta região, com o tão esperado, disputado e querido bolinho caipira, é que a razão para a organização de muitas festas, principalmente as que acontecem em igrejas católicas, é celebrar a memória dos santos.

Todo ano, no mês de junho, a Igreja celebra a memória de Santo Antônio de Pádua (13/06), o martírio de São Pedro e São Paulo (29/06) e a natividade de São João Batista (24/06).

Santo Antônio nasceu em Lisboa, Portugal. Viveu muito tempo na humildade e desprezo pelo próprio corpo junto aos Cônegos regulares agostinianos de Coimbra. Depois, juntou-se aos Menores de São Francisco de Assis. Exerceu seu ministério na Itália e na França e muitas de suas homilias estão registradas por escrito. Hoje, seus restos mortais estão na Basílica de Santo Antônio de Pádua, na Itália, cidade onde faleceu em 13 de junho de 1231. Na cultura popular, é conhecido como santo casamenteiro porque há uma lenda que conta que uma senhora, vivendo na miséria, decidiu prostituir a filha para conseguir dinheiro. Como a jovem não concordava com a ideia da mãe, rezou com confiança aos pés da imagem de Santo Antônio, pedindo sua intercessão, quando das mãos do santo caiu um bilhete nas mãos da jovem. O bilhete estava endereçado a um comerciante da cidade e assinado por Antônio e pedia que o comerciante entregasse a jovem o número de moedas correspondente ao peso do bilhete. A moça procurou o comerciante, o qual achou graça do bilhete. Humildemente e confiante, a jovem colocou o bilhete em um lado da balança e do outro, uma moeda. Para a surpresa do comerciante, o bilhete pesava mais. Foram necessários 400 escudos de prata para equilibrar a balança. O comerciante imediatamente se lembrou de uma promessa que fizera a Santo Antônio nesse valor e que ainda não havia cumprido. Então, deu o dinheiro a moça e ela logo ficou conhecida entre os rapazes, todos interessados em se casar com ela.

Foto: Pascom de Lourdes (2014)

O que sabemos sobre São Pedro e São Paulo é o que está relatado na Bíblia. Pedro foi escolhido por Jesus como fundamento da Igreja e portador das chaves dos céus (Mt 16, 13-19). Como primeiro pastor do rebanho (Jo 21, 15-17) que é a Igreja, vemos nele e no seu sucessor (o papa) o sinal visível da unidade de toda a Igreja, que é o corpo místico de Cristo, corpo esse formado pelos membros, que somos todos nós. Paulo foi adicionado ao número dos apóstolos pelo próprio Cristo no caminho de Damasco (At 9, 1-16) e é um dos maiores missionários de todos os tempos, tendo levado a mensagem do evangelho de Cristo pelo mundo mediterrâneo. Tanto São Pedro quanto São Paulo testemunharam Jesus com suas próprias vidas, pelo martírio, pelo ano de 67 em Roma. No Brasil, por determinação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a solenidade litúrgica desses dois santos é celebrada no domingo entre 28 de junho e 4 de julho.

São João Batista foi o profeta mais privilegiado, pois vivendo na mesma época e região que Jesus pôde apontar o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1, 29.36). Sua vocação profética se revelou desde o seio materno (Lc 1,14.41). Pregou o batismo de penitência, que convida a conversão tendo em vista os últimos tempos. É o único santo, além da Mãe do Senhor, a Virgem Maria, de que a Igreja celebra com o nascimento para o céu, também o nascimento segundo a carne.

Esses quatro santos têm em comum o amor e a doação a Jesus expressos concretamente na vida que levaram, anunciando incansavelmente, e até a morte, se preciso, o evangelho de Cristo. A vida que eles levaram deve ser também nossa meta enquanto estivermos vivos nesta vida passageira na Terra.

Que as festas juninas sejam além de momentos de confraternização e celebração da unidade entre os filhos de Deus, momento de relembrar e se inspirar na vida desses santos e buscar rever nossas atitudes, tendo como objetivo sempre o seguimento mais próximo de Jesus e o anúncio da sua Boa Nova.


REFERÊNCIAS

CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO. Missal Romano. 9ª ed. São Paulo: Paulus, 2004.

PILONETTO, Frei Adelino. Santo Antônio e a devoção popular. s.d. Disponível em <http://www.franciscanos.org.br/?p=18123> Acesso: 01 jun. 2017.

BÍBLIA. Bíblia Católica Online. Disponível em <https://www.bibliacatolica.com.br/>. Acesso: 01 jun. 2017.


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9 conselhos do Papa para preparar o casamento
Categoria: Família

Maio é tradicionalmente conhecido como mês das noivas e muitos optam por se casar exatamente neste período, quando as datas são bastante concorridas. Mas, além da data do casório, outras questões são importantes para este momento. Na exortação pós-sinodal Amoris Laetitia, o Papa Francisco dá nove dicas para preparar o dia do casamento:

1. Não se concentrem nos convites, vestido ou festa
O Papa pede para não se concentrar demais nos inúmeros detalhes que consomem recursos econômicos e energia dos noivos, porque assim chegam ao casamento já cansados. Em vez disso, indica a necessidade de dedicar suas melhores forças para se preparar como casal para este grande passo. "Esta mesma mentalidade subjaz também à decisão de algumas uniões de fato que nunca mais chegam ao matrimônio, porque pensam nas elevadas despesas da festa, em vez de darem prioridade ao amor mútuo e à sua formalização diante dos outros".

2. Optem por uma celebração austera e simples
Tenham "a coragem de ser diferentes" e não se deixem devorar "pela sociedade do consumo e da aparência". "O que importa é o amor que vos une, fortalecido e santificado pela graça". Optem por uma celebração "austera e simples, para colocar o amor acima de tudo".

3. O mais importante é o sacramento e o consentimento
Preparem-se para viver com grande profundidade a celebração litúrgica e perceber o peso teológico e espiritual do consentimento para o casamento. As palavras que dirão não se reduzem ao presente, mas "implicam uma totalidade que inclui o futuro: 'até que a morte vos separe'".

4. Deem valor e peso para a promessa que farão
O Papa recorda que o sentido do consentimento mostra que "liberdade e fidelidade não se opõem uma à outra, aliás apoiam-se reciprocamente". Pensem os danos que produzem as promessas não cumpridas. "A honra à palavra dada, a fidelidade à promessa não se podem comprar nem vender. Não podem ser impostas com a força, nem guardadas sem sacrifício".

5. Recordem que estarão abertos à vida
Lembre-se de que um grande compromisso, como o que expressa o consentimento matrimonial e a união dos corpos que consume o matrimônio, quando se trata de dois batizados, só pode ser interpretada como sinal do amor do Filho de Deus feito carne e unido com sua Igreja em aliança de amor. Assim, "o significado procriador da sexualidade, a linguagem do corpo e os gestos de amor vividos na história dum casal de esposos transformam-se numa 'continuidade ininterrupta da linguagem litúrgica' e 'a vida conjugal torna-se de algum modo liturgia'".

6. O matrimônio não é de um dia, dura a vida inteira
Tenham em mente que o sacramento que celebrarão "não é apenas um momento que depois passa a fazer parte do passado e das recordações, mas exerce a sua influência sobre toda a vida matrimonial, de maneira permanente".

7. Rezem antes de se casar
Cheguem ao casamento depois de ter rezado juntos, "um pelo outro, pedindo ajuda a Deus para serem fiéis e generosos", perguntando juntos a Deus o que Ele espera de vocês.

8. O casamento é uma ocasião para anunciar o Evangelho
Recordem que jesus iniciou seus milagres nas bodas de Caná: "o vinho bom do milagre do Senhor, que alegra o nascimento de uma nova família, é o vinho novo da Aliança de Cristo com os homens e mulheres de cada tempo". Portanto, o dia do seu casamento será "uma preciosa ocasião para anunciar o Evangelho de Cristo".

9. Consagrem seu matrimônio à Virgem Maria
O Papa também sugere que os noivos comecem sua vida matrimonial consagrando seu amor ante uma imagem da Virgem Maria.


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Uma reflexão quaresmal sobre o exemplo de Nossa Senhora das Dores
Categoria: Processo catequético

A Quaresma como tempo favorável no aprofundamento da paixão e morte do Filho de Deus nos faz refletir sobre e rezar esse mistério. Devemos fazer isso procurando aceitar que Deus não cabe no entendimento humano, mas pode dilatar o coração e ampliar o entendimento e a aceitação: Deus cabe inteirinho no coração do homem.  Seguindo as pegadas de Jesus, vamos entendendo quando Ele diz:  Vem e segue-me.   Segui-Lo, ouvir suas palavras - como fala, a quem fala, por que fala - observar seus gestos e atitudes são convites e desafios para  conhecer a sua missão salvífica.  Nem tudo vamos entender. As respostas do Filho de Deus implicam tempo e aceitação da necessidade de confiar. Crer é confiar. Crer é permitir. Crer, principalmente é aderir, entregar-se; numa palavra, crer é amar.  A fé é, ao mesmo tempo, um ato e uma atitude que agarra, envolve e penetra tudo o que a pessoa humana é:  sua confiança, sua fidelidade,  seu assentimento intelectual e sua adesão emocional.  Compromete a história inteira de uma pessoa, com seus critérios, atitudes, conduta e inspiração geral.

Estamos no Ano Mariano. Ninguém melhor que a Senhora das Dores para nos orientar no seguimento de Jesus.  Nunca se ouviu falar que Maria esteve doente, mas todos os evangelistas registram o seu sofrimento, sobretudo o silêncio de Deus.

Para começar, Maria concebeu Jesus em um ato de fé para ser coerente consigo mesma, pois vivia no templo pedindo a vinda do Salvador para tirar o seu povo da escravidão.  Sua vida toda foi cumprir a vontade do Pai com uma perfeição única, repetindo sempre o seu “Faça-se a tua vontade” (Lc 1,38).  Logo que o menino nasceu, quando da apresentação ao templo, o velho Simeão irradiado de alegria com o Filho de Deus profetizou que a mãe seria transpassada pela dor. “Uma espada lhe transpassará a alma” (Lc 2,35).  Quando da fuga para o Egito, do céu um recado: “Toma o menino e sua mãe, foge para o Egito e fica lá até que eu te diga outra coisa” (Mt 2,13).  Quando da perda e o reencontro do menino no templo?  A resposta do Filho a confunde: Não sabíeis que devo ocupar-me com as coisas de meu Pai? (Lc 2,49) E nas bodas de Caná?  Quando da preocupação da mãe, após vários dias de festa e o vinho veio a faltar, o seu Filho era o único com quem podia conversar, o que ela ouviu? “Ainda não chegou minha hora” (Jo 2,4). A grandeza de Maria não está em imaginarmos que ela nunca foi assaltada pela confusão. A grandeza dessa mulher está no fato de que quando não entende alguma coisa, ela não reage angustiada, impaciente, irritada, ansiosa e assustada, tem atitude típica dos pobres de Deus: cheia de paz, de paciência e doçura, toma as palavras, recolhe-se em si mesma e permanece interiorizada, pensando.

Embora não tenha pecado, a Mãe de Deus não escapa da dor, sequela do pecado. Sofre pelo Filho e pela missão do Filho.  A personalidade de Maria impressiona pela humildade e valentia.  Ao longo de sua vida, sempre procurou ficar na penumbra de um segundo plano.  Quando chega a hora da humilhação, avança e se coloca em primeiro plano, digna e silenciosa. O evangelista Marcos conta que, no Calvário, havia um grupo de mulheres que olhavam de longe. Mas João, que presenciou tudo, indica que a Mãe permanecia ao pé da cruz. 

Como mãe, percorreu a desolada via dolorosa, vestida de dignidade e silêncio. Não reclamou, não protestou.  Quando não entendia alguma palavra, guardava-as em seu coração e as analisava serenamente.

Que o exemplo de Maria e esse tempo quaresmal nos ajudem a silenciar e refletir sobre tudo que Deus tem feito em nossas vidas.


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